Jornal Última Hora terá versão digitalizada
Samanta Petersen
Edições cariocas do jornal Última Hora serão digitalizadas e colocadas,
gratuitamente, para pesquisa na internet
25/09/2007 19:23
Páginas da história brasileira estarão agora disponíveis a todos ao toque
de um clique. Todas as edições cariocas do jornal Última Hora (1951-1971)
estão sendo digitalizadas e serão armazenadas no site
www.arquivoestado.sp.gov.br/uhdigital, que poderá ser acessado
gratuitamente.
A primeira parte do projeto prevê a digitalização de 36 mil páginas, o que
equivale a 60 meses de jornal e deverá estar concluída em março de 2008.
Mas, a partir de desta terça-feira (25), 500 páginas já estão no ar, o que
equivalem a 20 dias de jornal, e mais mil devem ser colocadas para pesquisa
nos próximos dias. É uma pequena amostra se comparada as 108 mil páginas
que serão digitalizadas até o final de 2008.
O lançamento do projeto aconteceu nesta terça na Cinemateca Brasileira em
São Paulo. O mês de setembro foi escolhido por marcar o falecimento do
jornalista Samuel Wainer, fundador do Última Hora.
Todas as edições que estão sendo digitalizadas fazem parte do Fundo Samuel
Wainer adquirido pelo Arquivo Público de São Paulo da filha de Samuel, Pink
Wainer, em 1990. São 246 volumes encadernados da edição carioca do jornal,
8 mil negativos, 160 mil cópias fotográficas e 2.162 ilustrações.
Ao Fundo Samuel Wainer foram reunidas as edições paulistas do Última Hora
que já pertenciam ao Arquivo Público e que também deverão ser
digitalizadas. Com isso serão resgatados a repercurssão de fatos históricos
como a morte de Getúlio Vargas, o fim dos Beatles, o Golpe de 1964, a
inauguração de Brasília, o bicampeonato mundial de futebol e muitos outros
que marcaram a história do Brasil e do mundo entre as décadas de 50 e 70.
A digitalização irá incluir apenas as páginas dos jornais. Segundo o
coordenador do Arquivo Público, Carlos Barcellar, o motivo seriam os
direitos autorais que envolvem as fotos, as gravuras e caricaturas, que
assim não podem ser digitalizadas de forma separada.
As páginas estão disponibilizadas em formato Gif e poderão ser impressas. A
procura será feita por data. Apesar da facilidade de acesso, a
digitalização dos jornais é em preto e branco, o que faz com que os
leitores percam uma das grandes qualidades do Última Hora, que era o uso
das cores nas suas páginas. O que foi inclusive uma inovação na época.
Além da digitalização, o Arquivo Público terá que resgatar algumas edições
que ficaram perdidas. Existem algumas lacunas, por exemplo, não temos quase
nada dos anos de 1951 e 1952. E para colocarmos todas as edições do Última
Hora entre os anos de 1951 e 1971 teremos que ir atrás destas edições,
explica Carlos Barcellar.
O projeto de digitalização é uma parceria entre o Arquivo Público de São
Paulo e a AMD, empresa de soluções de processamento para os mercados de
computação, gráficos e eletrônicos de consumo.
Sobre o Última Hora
O jornal Última Hora foi fundado por Samuel Wainer em 1951, no Rio de
Janeiro, e circulou até 1971. Apoiando os governos de Getúlio Vargas,
Juscelino Kubitschek e Jango, articulou em suas páginas as discussões
políticas e temas de forte apelo popular como futebol, criminalidade, rádio
e cinema.
Dentre seus colunistas nomes como Chacrinha, Nelson Rodrigues, Stanilaw
Ponte Preta, Agnaldo Silva, Nelson Mota, Inácio Loyola Brandão, Jô Soares,
Rubens Braga, dentre outros.
O Última Hora foi o único jornal brasileiro a ser publicado simultaneamente
em sete cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Niterói, Belo Horizonte,
Curitiba, Porto Alegre e Recife.
Em 1971, Wainer vendeu a edição carioca para a Arca Editorial e a paulista
para a Folha de São Paulo. (Repórter enviada a São Paulo)
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